No "Expresso", hoje:
Conheceu Amália?
Fui das pessoas que melhor a conheceu. Jantámos três meses antes de morrer. Fomos a um restaurante muito «in» em Portugal, e não tinha autorização para levar o meu cão, mas, excepcionalmente, deixaram-no entra Éramos amigos de longa data. Conheci-a na Bélgica, na véspera de ela dar um concerto em Monte Carlo. Passámos a noite inteira a cantar e a conversar, e de madrugada disse-lhe: «Tem um avião para apanhar, não?» Prometemos rever-nos, fizemos um espectáculo a dois em Lyon, ainda ela não era a vedeta que viria a ser. E quando ela me disse que nunca tinha cantado em francês, escrevi-lhe uma canção: «Ai mourir pour toi» (em 1957).
Ela cantou-a?
Cantou-a e gravou-a. Eu traduzi-a assim, porque a sonoridade de «Mourir pour toi» me lembrava «Mouraria». Foi a primeira canção em francês que ela cantou.