VINHO DERRAMADO
Enquanto os outros encontram procurando
tu encontraste, encontrando
uma brecha no tecido do tempo, para nos escondermos
desta cidade, onde não fica bem ser-se
meteco universal, neste fim de milénio.
Mal te afastas-te e vejo-te chegando
com a migração das pedras roladas pelas nuvens,
por caminhos que também a nós aqui trouxeram
um dia ao centro desta margem.
Dói-me a tua solidão que não tem cura,
nem engolida pela minha solidão canibal;
e como ao longe ainda estás perto
és como o vinho derramado que ao cair segura
a luva de sombra da minha mão...
Dinu Flamând, 1998
(na colectânea "Haverá Vida Antes da Morte?", Quasi Edições, 2007; tradução do romeno de Teresa Leitão)
Enquanto os outros encontram procurando
tu encontraste, encontrando
uma brecha no tecido do tempo, para nos escondermos
desta cidade, onde não fica bem ser-se
meteco universal, neste fim de milénio.
Mal te afastas-te e vejo-te chegando
com a migração das pedras roladas pelas nuvens,
por caminhos que também a nós aqui trouxeram
um dia ao centro desta margem.
Dói-me a tua solidão que não tem cura,
nem engolida pela minha solidão canibal;
e como ao longe ainda estás perto
és como o vinho derramado que ao cair segura
a luva de sombra da minha mão...
Dinu Flamând, 1998