A vida pessoal do mexicano Diego Rivera foi sempre tão fabulosa como a vida artística. Teve dezenas de relações amorosas, problemáticas e excêntricas. Enquanto viveu na Europa, apaixonou-se em simultâneo pelas pintoras Angelina Beloff, sua mulher, e Marevna Vorobev-Stebelska, [com] quem teve uma filha. Nunca assumiu a paternidade da criança, mas deu dinheiro a Marevna para a sustentar - quando voltou ao México, nunca mais quis saber delas. A carreira estava acima de tudo. Continuou a viver relações tumultuosas enquanto se especializava na pintura de murais e frescos que lhe deram fama mundial. Com a pintora Frida Kahlo, manteve uma relação de filho e mãe. Casaram e tornaram-se um dos pares mais célebres do século XX.
Para assinalar os cinquenta anos da morte de Rivera, ocorrida a 24 de Novembro de 1957, a editora alemã Taschen decidiu reunir em livro (...) os seus trabalhos. Um dos autores da obra, intitulada Diego Rivera: The Complete Murals, é Juan Rafael Coronel Rivera, neto do pintor e editor de revistas de arte. O livro tem quase 700 páginas, custa 150 euros e conta a história de uma vida cheia de mitos. "Rivera era incapaz de sossegar a sua imaginaçâo colossal", disse, certa vez, a autora da sua biografia, Gladys March. "Transformou em lendas alguns episódios da sua vida, sobretudo os que se referem à infância."
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Tinha 35 anos quando foi convidado pelo ministro da Cultura, José Vasconcelos, para ajudar na politica cultural do Governo. Numa das suas mais célebres citações, Rivera explica-se: "O meu estilo nasceu como uma criança, num instante, com a diferença de que esse nascimento teve lugar após 35 anos de uma gravidez dolorosa." Um dos textos de Diego Rivera: The Complete Murals, assinado pela historiadora Nadia Ugalde Gómez, assegura que ele "nunca foi um espectador passivo do seu tempo". Ao tornar-se muralista, queria glorificar a História do México e mostrá-la directamente ao povo nos muros, paredes e tectos do país.
A fama não lhe diminuiu a agitação amorosa. Casou-se pela Igreja, em 1922, com a modelo artística Guadalupe Marin, com quem teve duas filhas - foi então que aderiu ao Partido Comunista do México. Era um fervoroso marxista, admirador de Lénine e da URSS. Depois de um caso com uma fotógrafa americana, divorciou-se em 1928, para casar logo no ano seguinte com a estudante de arte Frida Kahlo, também ela comunista. Diego tinha 43 anos, ela 22. Bruno Horta
Foto de Nickolas Muray (Khalo e Rivera em 1940)