sábado, 5 de setembro de 2015

"Uma Década Queer"

http://www.indexebooks.com/uma-decada-queer.html
"Uma Década Queer"
Este blogue tem estado parado desde que comecei a trabalhar num outro, Persona Grata, lançado em Março de 2015. Ao mesmo tempo, estive ocupado com a preparação de Uma Década Queer, livro electrónico com  50 entrevistas que fiz entre 2004 e 2014. 

Uma Década Queer, editado pela INDEX ebooks, com capa de Bráulio Amado, está à venda a partir de segunda-feira, 7, na Amazon, iTunes, Google Play, Kobo e Wook, entre outras lojas electrónicas.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Fixe este nome: Gengoroh Tagame




Gengoroh Tagame ainda é um nome pouco familiar entre leitores habituais de manga (banda desenhada japonesa). No Japão, pelo contrário, é uma lenda viva, sendo certo que o país tem uma oferta e consumo de BD muito acima da média de qualquer país ocidental.


Com 50 anos de idade e 20 de carreira, Gengoroh Tagame acaba de publicar o quarto livro em inglês, Fishermen's Lodge, através da editora alemã Bruno Gmünder. O álbum inclui duas outras histórias breves, Confession e End Line.


“Como sempre faço, tentei mostrar a beleza e o erotismo dos corpos masculinos”, diz o artista à Time Out Lisboa, através de uma entrevista por correio electrónico.


[excerto de artigo publicado na Time Out Lisboa, 24 de Dezembro de 2014, pp. 64-65]

sábado, 31 de janeiro de 2015

"Ainda há quem ache que ser gay é ser especial"


(foto: Queer Lisboa)
Andrew Haigh saiu do quase anonimato em 2011, quando assinou a longa-metragem Weekend, exibida em 2012 no festival de cinema Queer Lisboa. A história de dois homens que ficam juntos por um fim-de-semana foi celebrada por apresentar uma visão despretensiosa das relações gay. Britânico, nascido há 41 anos em Harrogate, no Norte de Inglaterra, Haigh juntou-se em 2013 ao canal americano HBO como um dos autores, produtores e realizadores de Looking. A série mostra um grupo de amigos gay de São Francisco, perdidos entre o admirável mundo novo da homossexualidade sem censura e o desejo de uma vida amorosa estável. A primeira temporada de Looking passou no ano passado em Portugal, através do canal por cabo TVSéries, o mesmo que a partir de 29 de Janeiro vai emitir a segunda temporada (que se estreou a 11 de Janeiro nos EUA).

A imprensa americana diz que a primeira temporada de Looking teve “audiências modestas”. A história vai mudar muito para alcançar mais público?
Não me parece. O público é sempre relativamente pequeno em séries deste género, porque se trata de temática gay. Eu e o Michael [Lannan, criador da série] achámos que seria de manter a história como está, em vez de a adaptar à luta por audiências.
[...]
Em Weekend também nos mostrou dois gays comuns. É uma forma de combater os estereótipos ou uma cedência à representação aceitável da homossexualidade?
Nem uma coisa nem outra. Nunca tive como objectivo promover, através do grande ecrã, certas formas de sexualidade. Weekend e Looking não são sobre todos os homossexuais, são sobre as personagens que ali estão. Por vezes, quando se filma uma história gay parece que tudo tem de se resumir à sexualidade. Não é o aspecto mais importante. Sou gay, gosto de contar histórias sobre vidas que entendo bem e o que quero é ser fiel ao meu entendimento do mundo.

[excerto da entrevista publicada na Time Out Lisboa, 21 de Dezembro de 2014, p. 64]

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O filme sobre Carlos Castro não é sobre Carlos Castro

A viagem para a morte do cronista social Carlos Castro é recriada em Crime, cuja primeira apresentação acontece esta quarta-feira. Bruno Horta viu o filme e conversou com o realizador.

Quando o trailer começou a circular na internet, em meados de Dezembro, choveram críticas à estética do filme, alegadamente pouco profissional. “É-me difícil criticar um filme sem o ver, mas admito que haja pessoas para quem isso não seja importante”, ironiza o realizador, Rui Filipe Torres. Finalmente, esta quarta-feira, dia 7, na Cinemateca Portuguesa, detractores ou entusiastas poderão ver na íntegra o filme de que tanto se fala.

Crime parte do caso real de homicídio do cronista social Carlos Castro, aos 65 anos, a 7 de Janeiro de 2011 num hotel de Nova Iorque. A sessão está marcada para as 21.30 e o bilhete custa 3,20 euros.

O argumento, da autoria do realizador, adapta uma peça de teatro escrita pelo actor João D’Ávila, que teve uma leitura encenada em 2011, na Sociedade de Língua Portuguesa. As personagens não têm os nomes das pessoas reais envolvidas no caso. Não há um Carlos Castro e um Renato Seabra (jovem modelo que matou o cronista e acabou condenado a 25 anos de prisão nos EUA). No filme, há um António (João D’Ávila) e um Rodrigo (Ruben Garcia). 

“Para João D’Ávila, a peça é influenciada pelo fim trágico de Carlos Castro, até porque eram amigos”, explica o realizador, de 55 anos. “Mas para mim o filme é mais do que isso, o que me interessou não foi a morte de uma pessoa concreta, mas aquilo que há de universal na situação”, conta Rui Filipe Torres. 

Ainda sem data de estreia comercial, Crime leva pela primeira vez ao grande ecrã uma versão do caso Carlos Castro. “Filmámos em condições-limite”, revela o autor. “Sem orçamento, abaixo de todas as condições necessárias, foi tudo feito em nove noites, em Abril de 2014. Decidimos que, mesmo assim, valia a pena avançar.”

As duas personagens aparecem num quarto de hotel em vésperas de uma viagem a Nova Iorque. Um crescendo de tensão entre António e Rodrigo culmina no assassinato daquele – o que mais um vez difere dos acontecimentos reais, pois Castro foi morto em Nova Iorque e não em Lisboa.

De um lado, um homem envelhecido, apaixonado por um rapaz muito mais novo. Anseia estar em Nova Iorque para a lua-de-mel de ambos e declara: “A ilusão é muito mais importante do que tu pensas, aliás, a ilusão é a realidade”. Do outro lado, um rapaz muito mais novo com sonhos de fama e reconhecimento, a rejeitar as investidas amorosas do outro. “O que é que podes dar-me, além desse teu corpo envelhecido? Viagens, fantasia, mariquices!”

Para o realizador, trata-se “fundamentalmente de um trabalho de dádiva dos actores à câmara”. É um jogo psicológico de insultos mútuos, um jogo de poderes simbólicos embrulhado em paixão e obsessão, oportunismo e ingenuidade, chantagem e rejeição, verdade e simulacro. 

[uma versão deste texto saiu na Time Out Lisboa de 17 de Dezembro de 2014, p. 64]

domingo, 18 de janeiro de 2015

Don Bachardy aquém e além Isherwood

São quase 50 anos de retratos de actores, realizadores e argumentistas. Hollywood é o álbum em que o artista plástico Don Bachardy ostenta uma voz própria. Mesmo se viveu sempre eclipsado pelo génio do companheiro, Christopher Isherwood.



[uma versão deste texto saiu no Público/Ípsilon de 17 de Dezembro de 2014]

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Muito mais que amor de mãe


Bruno Horta escreve sobre o novo filme de Xavier Dolan. Mamã é um retrato de inquietação no subúrbio. Estreia esta quinta-feira.

Os slogans são sempre enormes resumos e por isso podem também ser enormes equívocos. “Não há amor como o amor de mãe”, diz o cartaz. E quem o ler pensará que Mamã, filme de Xavier Dolan com estreia portuguesa esta quinta-feira, dia 11, conta a história de uma mãe (vai muito além). Ou que Mamã é uma história amorosa e há redenção (não há redenção alguma).
Mamã é sobre homossexualidade e doença mental. Sobre uma mãe, sim, e mais ainda sobre um filho apaixonado por ela, incapaz de reconhecer o lugar natural, pronto a tomar-se seu amante. Não é sobre o incesto. Será, quando muito, sobre o que se convencionou chamar Complexo de Édipo.
Um filme em torno de “uma crise existencial”, resume o realizador. Uma evocação distante, com humor, mesmo se negro, de Desejos Selvagens (2007), de Tom Kalin, com Julian Moore no papel da mãe incestuosa que leva o filho à loucura.
[excerto de artigo publicado na Time Out Lisboa de 17 de Dezembro de 2014, p. 78]