(foto: Queer Lisboa) |
Andrew Haigh saiu do quase anonimato em 2011, quando assinou a
longa-metragem Weekend, exibida em 2012 no festival de cinema Queer
Lisboa. A história de dois homens que ficam juntos por um fim-de-semana
foi celebrada por apresentar uma visão despretensiosa das relações gay.
Britânico, nascido há 41 anos em Harrogate, no Norte de Inglaterra,
Haigh juntou-se em 2013 ao canal americano HBO como um dos autores,
produtores e realizadores de Looking. A série
mostra um grupo de amigos gay de São Francisco, perdidos entre o
admirável mundo novo da homossexualidade sem censura e o desejo de uma
vida amorosa estável. A primeira temporada de Looking
passou no ano passado em Portugal, através do canal por cabo TVSéries, o
mesmo que a partir de 29 de Janeiro vai emitir a segunda temporada (que
se estreou a 11 de Janeiro nos EUA).
A imprensa americana diz que a primeira temporada de Looking teve “audiências modestas”. A história vai mudar muito para alcançar mais público?
Não
me parece. O público é sempre relativamente pequeno em séries deste
género, porque se trata de temática gay. Eu e o Michael [Lannan, criador
da série] achámos que seria de manter a história como está, em vez de a
adaptar à luta por audiências.
Em Weekend também nos mostrou dois
gays comuns. É uma forma de combater os estereótipos ou uma cedência à
representação aceitável da homossexualidade?
Nem uma coisa nem outra. Nunca tive como objectivo promover, através do grande ecrã, certas formas de sexualidade. Weekend e Looking
não são sobre todos os homossexuais, são sobre as personagens que ali
estão. Por vezes, quando se filma uma história gay parece que tudo tem
de se resumir à sexualidade. Não é o aspecto mais importante. Sou gay,
gosto de contar histórias sobre vidas que entendo bem e o que quero é
ser fiel ao meu entendimento do mundo.
[excerto da entrevista publicada na Time Out Lisboa, 21 de Dezembro de 2014, p. 64]