sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Mário Viegas: Se fosse vivo, faria 60 anos

Na "Time Out Lisboa" de 5 de Novembro; excerto:


“Nunca fui um homossexual porco. Nem chulo. Mas com os meus olhos castanhos, caracóis, 26 e 27 anos, bigode latino-americano, fui um êxito sexual”. Assim falava o actor, encenador e declamador Mário Viegas, que, se fosse vivo, faria esta semana 60 anos. Nasceu em Santarém a 10 de Novembro de 1948, às 23.30, meia hora antes do Dia de S. Martinho – escreveu o próprio na folha de sala da peça Europa Não! Portugal Nunca! (1995).


(...)Polemista até à medula, acabaria por protagonizar, em 1995, um episódio de antologia. Em Setembro desse ano, o deputado do Partido Socialista Carlos Candal publica o famoso Breve Manifesto Anti-Portas em Português Suave, onde insinua que Paulo Portas, então candidato pelo CDS às eleições legislativas, é homossexual. Mário Viegas aparece então numa conferência de imprensa da UDP, partido pelo qual se candidataria mais tarde à Presidência da República, e afirma: “Sou homossexual assumido, estou na política e a UDP nunca me colocou qualquer entrave”. Classifica como “nojento” o manifesto de Candal, porque “ofende milhões de homossexuais que sofrem perseguições”.


Em relação à vida dos outros parecia gostar de igual transparência. Além da frase “quando é que tantos actores se assumem, cobardes”, que anotou na autobiografia, deixou escapar, numa entrevista, em 1993, esta pérola: “Não acho que seja necessário ser amante dos políticos para receber subsídios. Acham que o La Féria, que recebe tantos subsídios, é amante do Santana Lopes [à época secretário de Estado da Cultura]? Que eu saiba, o Santana Lopes não é homossexual”. Bruno Horta