domingo, 22 de março de 2009

Senhores e senhoras

"[O] Parlamento Europeu (PE) (...) distribuiu recentemente por todos os funcionários uma brochura com um conjunto de “orientações” específicas para cada uma das 23 línguas oficiais da União sobre “linguagem neutra do ponto de vista do género”. Vulgo, linguagem sexista.

No caso da língua portuguesa, uma das recomendações que surge a reboque desta cruzada anti-sexismo é o abandono de fórmulas que, aparentemente, seriam apenas do domínio da cortesia e boa educação, como é o caso das expressões “Senhor” e “Senhora”. A partir de agora o seu uso é de “evitar, tanto quanto possível”, devendo as pessoas em causa ser designadas “pelo nome próprio e pelo apelido ou apelidos (eventualmente precedidos ou seguidos do respectivo cargo)”. Confuso? A sugestão é acompanhada de um exemplo. Deve escrever-se “a alocução de Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República Portuguesa e não do Sr. Cavaco Silva”.

(...) Um dos grandes pecados identificados no texto introdutório da brochura é a “utilização genérica ou neutralizadora do género masculino” (“os médicos”, “os advogados” ou “os trabalhadores”), por ser “cada vez mais percepcionada como discriminatória para as mulheres”. Caso o seu uso se revele incontornável (ou o texto em causa acabe por ficar longo e ilegível...) admite-se que “a utilização genérica ocasional do género masculino em situações difíceis poderá ser considerada aceitável”.

[Expresso, ontem]