terça-feira, 24 de agosto de 2010

Nesse tempo

"Nesse tempo, as praias eram prudentes e puritanas. Mas foi lá que aprendi a olhar um corpo, o seu erguer, o seu andar, o seu crescer, o seu clarão contra o clarão do sol. Foi aí que descobri, sob o mundo das aparências, o mundo das essências. Nesse tempo, a praia tinha barracas e grutas desertas. Tudo ali podia acontecer na rapidez com que acontecia. O prazer é vagaroso, mas o desejo é rápido. Neste pêndulo, que vai da pressa à lentidão, tudo era possível." 

José Manuel dos Santos