Gostava de saber que leis se aplicam ao site WikiLeaks, que estatuto profissional tem o fundador do site, que código deontológico é que ele segue e que leis de imprensa se aplicam às práticas dele e dos seus.
Não basta meter documentos secretos na Internet e na mão de jornais de referência, porque isso é apenas ser fonte.
Qual o estatuto editorial do WikiLeaks? Que objectivos tem? Que posicionamento ideológico defende? Estas perguntas andam na cabeça de muita gente. E enquanto não forem esclarecidas minam a credibilidade do WikiLeaks.
Surgem agora por todo o mundo sites idênticos, incluindo o Brussels Leaks, alegadamente fundado por um grupo de dissidentes do WikiLeaks. O Guardian cita-os: "Journalists, activists and communications professionals have now come together to form Brussels Leaks." Activistas num site que se diz jornalístico?
Um alegado "representante anónimo" do Brussels Leaks disse há dias numa entrevista ao European Journalism Centre: "As we are staying anonymous we need to build credibility and a reputation. We will always be truthful, accurate, and fair." Divulgam documentos sem darem a cara? Não é assim que funcionam as denúncias em regimes totalitários?
Uma coisa é o jornalismo evoluir nas plataformas de distribuição ou na linguagem. Outra coisa é quando deixa de ser jornalismo (ou nunca chegou a sê-lo).
foto: Leon Neal/AFP/Getty Images