Notícias em primeira mão são cada vez mais raras nos jornais e nas revistas (em papel ou na internet). Tão raras que aquilo que às vezes parece uma notícia em primeira mão resulta apenas de um acordo entre um jornalista e uma agência de comunicação, um assessor do Governo ou uma editora de livros ou discos. Nestes casos, o jornal ou a revista tornam-se cúmplices de estratégias comerciais ou políticas. Se isso significar que o público tem acesso a factos novos importantes então não há outro remédio.
Acontece que maior parte das vezes tais exclusivos são sobre o jovem empreendedor com três apelidos que decidiu abrir uma loja no Chiado depois de longa reflexão espiritual no Camboja. Ou sobre o empresário que ao fim-de-semana anda de BMX e precisa de tratar da imagem pública, pelo que exige subtilmente uma entrevista sobre hobbies e uma fotografia limpinha. São os exclusivos do jornalismo à portuguesa (e à moda de muitos outros países).
As entrevistas destinam-se a revelar o pensamento de um entrevistado. É suposto, portanto, que ele pense. E que tenha alguma coisa válida para dizer. Quando é patrão de uma empresa monopolista, cacique num partido ou mero par de mamas, aí os géneros jornalísticos adaptam-se. E uma entrevista passa a ser o que deus quiser.
Investigar assuntos importantes e explicar aos leitores o que realmente interessa tem os dias contados porque não há dinheiro para pagar a jornalistas que passem semanas atrás de um só assunto. E as empresas que detêm os órgãos de comunicação social não querem arriscar perder anunciantes ou sofrer boicotes noutros negócios que têm à margem da imprensa, por via das notícias incómodas que sempre resultam da investigação jornalística. O país é pequeno e quando uma porta se fecha não se abre logo outra ao lado.
Quer isto dizer que quando um jornal decide mandar dezenas de jornalistas borda fora, como aconteceu esta semana, a mensagem que está a passar aos leitores e às fontes organizadas (assessores, relações públicas e outros incompetentes) é só uma: os jornalistas são uns bocados de merda. É comprá-los.
Acontece que maior parte das vezes tais exclusivos são sobre o jovem empreendedor com três apelidos que decidiu abrir uma loja no Chiado depois de longa reflexão espiritual no Camboja. Ou sobre o empresário que ao fim-de-semana anda de BMX e precisa de tratar da imagem pública, pelo que exige subtilmente uma entrevista sobre hobbies e uma fotografia limpinha. São os exclusivos do jornalismo à portuguesa (e à moda de muitos outros países).
As entrevistas destinam-se a revelar o pensamento de um entrevistado. É suposto, portanto, que ele pense. E que tenha alguma coisa válida para dizer. Quando é patrão de uma empresa monopolista, cacique num partido ou mero par de mamas, aí os géneros jornalísticos adaptam-se. E uma entrevista passa a ser o que deus quiser.
Investigar assuntos importantes e explicar aos leitores o que realmente interessa tem os dias contados porque não há dinheiro para pagar a jornalistas que passem semanas atrás de um só assunto. E as empresas que detêm os órgãos de comunicação social não querem arriscar perder anunciantes ou sofrer boicotes noutros negócios que têm à margem da imprensa, por via das notícias incómodas que sempre resultam da investigação jornalística. O país é pequeno e quando uma porta se fecha não se abre logo outra ao lado.
Quer isto dizer que quando um jornal decide mandar dezenas de jornalistas borda fora, como aconteceu esta semana, a mensagem que está a passar aos leitores e às fontes organizadas (assessores, relações públicas e outros incompetentes) é só uma: os jornalistas são uns bocados de merda. É comprá-los.