É a primeira tradução portuguesa da poesia de Adrienne Rich, escritora judia e lésbica, de 79 anos, apontada como uma das vozes mais marginais e políticas da literatura americana contemporânea.
Dizemos judia e lésbica, à cabeça, porque a origem étnica e a orientação sexual são centrais na poesia de Rich. Numa muito completa introdução à edição portuguesa (assinada pelas tradutoras Maria Irene Ramalho e Monica Varese Andrade), explica-se que a sua poesia é feita de referências históricas, autobiográficas e efabuladoras. E que “têm eco claro nos seus poemas” o Movimento pelos Direitos Cívicos, o Movimento de Libertação das Mulheres, a Frente de Libertação Gay, o feminismo lésbico, a guerra do Vietname e o apartheid sul-africano.
De resto, como filha que é de um pai judeu e de uma mãe cristã, tem vivido a tentar encontrar-se. “Só quem [como Rich] sofre as consequências directas de não ter identidade certa sente necessidade de afirmar a sua”, dizem as tradutoras.
O livro, em edição bilingue, reúne vários poemas de todos os 19 livros de versos que Rich publicou até hoje, entre 1951 e 2007. Um dos volumes mais importantes é The Dream of a Common Language (“O Sonho de uma Língua Comum”), de 1978, onde consta o longo poema “Vinte e Um Poemas de Amor”, de um evidente erotismo lésbico.
Casada entre 1953 e 1970, ano do suicídio do marido, Rich vive desde 1976 com a escritora Michelle Cliff. Ao que explica a introdução, a autora participou na edição portuguesa, ajudando na escolha de poemas. Bruno Horta
“Uma Paciência Selvagem”, de Adrienne Rich. Ed. Cotovia. 20€