sábado, 31 de maio de 2008

Cuidado com os Rapazes

Na "Time Out Lisboa" de 28 de Maio; excerto:

O livro demorou seis meses a ser escrito. E apesar da temática e da linguagem, o autor não hesitou numa vírgula. “Não quero saber se as pessoas vão pensar que sou gay. Sei o que sou e não tenho telhados de vidro”. Ao seu lado, durante a escrita, esteve sempre a mulher, a actriz Maria Vieira. “Ia lendo à medida que eu escrevia. Houve momentos em que ela jogava as mãos à cabeça e achava que ninguém me ia publicar, mas gosta muito da história”.

Num café no centro de Lisboa, Fernando Duarte Jorge, de 46 anos, fala à Time Out do seu primeiro romance, O Jardim dos Perversos – que já está nas lojas e vai ser apresentado na próxima terça-feira, dia 3, às 18.30, no El Corte Inglés, pelo antigo investigador criminal Francisco Moita Flores.

A história mostra o dia-a-dia de 19 adolescentes arruaceiros que vivem em Moscavide no fim dos anos 70. São filhos de famílias pobres e passam o dia na rua a roubar discos nas lojas, a assaltar homossexuais, a fumar droga, e, muitas vezes, a prostituir-se. São imorais, mas professam uma lealdade mútua à prova de bala.
(...)
Dos 34 capítulos, dez giram em torno do sexo entre homens. Há passagens que remetem para a pedofilia, embora o autor informe que não quer confundir as coisas. “A homossexualidade é uma atracção como outra qualquer. A pedofilia é um dos piores crimes que há. Quando eu tinha 14 anos e ia ao terminal de comboios do Rossio via grupos de homens a manterem conversa com miúdos”, recorda. “Acontecia às claras, à vista da polícia. Os adultos compravam sexo às crianças, muitas delas provavelmente eram da Casa Pia.” Terá sido o caso de pedofilia naquela instituição que o levou a incluir episódios de pedofilia no livro? “É natural que esses acontecimentos recentes tenham reavivado a minha memória. Sei que hoje continua quase tudo na mesma, simplesmente há 30 anos era à luz do dia”, responde.
Bruno Horta

Artigo completo aqui.