
Nada no livro, a não ser a imagética, remete para a questão gay – porque, como explica o autor, nenhum dos antigos dirigentes da Mocidade Portuguesa com quem falou se quis alongar nesse tema. E nenhum dos documentos consultados se refere à homossexualidade.
(...) Ao mesmo tempo que ‘militarizava’ a população masculina, a organização pretendia que os rapazes entre os sete e os 25 anos colocassem no centro das suas vidas a ideologia do regime, a religião católica e, principalmente, a cultura física.

Entre 200 a 500 mil rapazes em idade escolar eram todos os anos chamados à organização. Algumas das fotos mostram essa dimensão física. E sobre elas não será difícil fazer uma leitura homoerótica. Contactado pela Time Out, o historiador Fernando Rosas, especialista no Estado Novo, assegura que essa leitura faz todo o sentido. “O culto do corpo, da juventude e da raça, tal como na Juventude Hitleriana, remete para uma perspectiva homossexual e por vezes erótica”, explica. De resto, a expulsão de um dirigente por “falta de idoneidade moral” é, para o historiador, “o exemplo acabado da linguagem oficial da época para casos de práticas pedófilas ou homossexuais”.
[Na "Time Out Lisboa", ontem; excerto; artigo completo aqui]