«Para grandes males, grandes remédios. Assim pensou Hugo Marçal, um dos sete arguidos da Casa Pia, condenado anteontem a seis anos e dois meses de prisão, quando, a 15 de Outubro de 2003, decidiu comer o sabão que se encontrava na casa de banho do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Lisboa, onde estava a ser sujeito ao terceiro interrogatório judicial, liderado pelo juiz Rui Teixeira. "Estava desesperado. Naquele momento faria qualquer coisa para interromper o interrogatório", revela no livro que intitulou Sabão Azul e Branco, que estará nas bancas a partir de amanhã. [...]
"Tive uma ideia. Pedi para ir à casa de banho, o que foi autorizado, e resolvi comer um sabão azul e branco que lá se encontrava", confessa. E continua: "Esfreguei bem o sabão, para lhe tirar a parte superficial e proteger-me de eventuais contágios e comi-o aos bocados".
"Sabia que a seguir ficaria maldisposto, que vomitaria e que Rui Teixeira teria de interromper a diligência", conta. O sabão não o desiludiu. Passado uns minutos, segundo escreve, começou a sentir-se bastante enjoado. Teve que voltar à casa de banho para vomitar. E Rui Teixeira determinaria a interrupção do interrogatório. "Naquela altura de desespero e sofrimento, esse sabão azul e branco representaria para mim o juiz das minhas garantias. Seria ele que limparia o manto impregnado de nódoas, de sujidade, de falsidade e calúnia, para deixar transparecer a minha inocência", afirma Hugo Marçal.»
"Sabia que a seguir ficaria maldisposto, que vomitaria e que Rui Teixeira teria de interromper a diligência", conta. O sabão não o desiludiu. Passado uns minutos, segundo escreve, começou a sentir-se bastante enjoado. Teve que voltar à casa de banho para vomitar. E Rui Teixeira determinaria a interrupção do interrogatório. "Naquela altura de desespero e sofrimento, esse sabão azul e branco representaria para mim o juiz das minhas garantias. Seria ele que limparia o manto impregnado de nódoas, de sujidade, de falsidade e calúnia, para deixar transparecer a minha inocência", afirma Hugo Marçal.»
Público, hoje