Há dias entrevistei por telefone uma jornalista, com mais de 20 anos de profissão. No fim pediu-me que lhe enviasse por 'mail' as frases dela que tencionava publicar.
Respondi-lhe que "como jornalista que é, deveria ser a primeira pessoa a proibir-se de pedir tal coisa".
Ela insistiu: "Não nos conhecemos de lado nenhum, por isso não sei se as minhas palavras vão ser citadas como deve de ser. Se eu não puder rever as frases, está proibido de as citar." (tratou-me sempre por "você", o que é esclarecedor.)
Ela insistiu: "Não nos conhecemos de lado nenhum, por isso não sei se as minhas palavras vão ser citadas como deve de ser. Se eu não puder rever as frases, está proibido de as citar." (tratou-me sempre por "você", o que é esclarecedor.)
Depois de uns minutos de discussão, concordei em enviar-lhe as frases por mail: porque estava em causa um depoimento, não uma entrevista formal; porque ela é uma jornalista, não uma detentora de um cargo público; porque falou na qualidade de fonte pericial.
Fazer de conta que a censura prévia não é um atentado à liberdade de imprensa fica sempre bem a uma jornalista.
Dei por mim a ler o "Manual do Repórter" da Reuters:
Dei por mim a ler o "Manual do Repórter" da Reuters:
“Can I see your story?” – Resist demands from sources to see your story before publication. If you must, make clear this is for accuracy – you will not change the meaning of quotes. And impose a deadline to prevent a source from sitting on news. [Reuters Foundation Reporters handbook].