domingo, 8 de janeiro de 2012

O jornalismo deles e o nosso

2011 foi o ano da "Primavera Árabe", movida a Twitter, YouTube e Al Jazeera. O ano de mais revelações da Wikileaks. O ano do escândalo News of The World. Um ano de mudança no jornalismo.

As redes sociais na internet e os cidadãos anónimos tornaram-se fonte primária de notícias. Projectos à margem dos grandes grupos mediáticos marcaram a agenda e ao contrário do que sucedeu em 2010, a Wikileaks já não quis, ou não pôde, atrelar-se aos jornais de referência para credibilizar as "fugas". A credibilidade do jornalismo ficou ainda mais abalada com a denúncia da promiscuidade entre jornalismo e interesses privados e a utilização de métodos desumanos e ilegais para obtenção de notícias (curiosamente, foi um jornal, The Guardian, a fazer a denúncia).
Em Portugal não foi assim. A corrente geral não é a nossa. 2011 foi o ano em que o Acordo Ortográfico chegou acriticamente à maior parte dos títulos da imprensa, sem reacção dos jornalistas, cada vez mais calados e indolentes. Neste particular, Portugal está em delírio: quando o problema é financeiro e económico, a preocupação da imprensa não deveria ser com o substrato, isto é, a linguagem.

2011 foi também ano em que o jornalismo português, cada vez mais afónico e indistinto das mensagens publicitárias, parece ter despertado para a necessidade de se adaptar aos novos suportes digitais, o que não quer dizer que esteja a saber fazê-lo bem. Em rigor, ninguém sabe, em lado nenhum do mundo.