domingo, 15 de outubro de 2006

A semiditadura, segundo Herman José

O Diário de Notícias publica hoje uma entrevista com Herman José, a propósito do fim do Herman SIC e do início de um novo programa. Um resumo possível da conversa:

- o humorista considera que vivemos numa “democracia musculada” ou numa “semiditadura” e que o seu próximo programa, na SIC, “vai ser muito bem feito e honesto”, dentro desses limites.

- está ressentido com as críticas ao Herman SIC. Não aceita que, à luz do que fez no passado, não lhe desculpem a decadência. Mas admite-a:

“Considero-me um bom bife do lombo e não um hambúrguer. Bem cozinhado, tem categoria. Quando é transformado em hambúrguer, fica igual aos outros”. “O Herman SIC às vezes é hambúrguer. Agora, é injusto que, por isso acontecer, haja o esquecimento de que a carne é do lombo e que sou responsável por muitos bifes, servidos ao longo de 30 anos”. “Raras vezes se consegue juntar qualidade e audiências”. “Tenho medo de não ter a percepção a tempo do que está a acontecer”.

- dá a entender que foi o caso Casa Pia que o transformou em objecto de crítica:

“Os últimos tempos desgastaram-me muito como marca e fui envolvido em demasiadas polémicas que não têm a ver com a coisa artística”. “Estou sempre atento aos sintomas. Por isso é que nunca deixo de fazer espectáculos ao vivo. Para mim foi um estímulo perceber que, mesmo quando fui alvo de críticas, as salas estavam sempre cheias”.

- diz-se arrependido de não ter tentado uma carreira internacional:

“O meu maior erro foi deixar-me aconchegado à monocultura do mesmo país. Não sinto o meu trajecto como perdido, mas seria mais feliz se não vivesse dependente de um micromercado. Agora estou a pagar o preço dessa preguiça”.