sábado, 4 de novembro de 2006

"Dou-lhe asilo político na Madeira"

Na RTP 1, quinta-feira à noite:

Judite Sousa: sô ‘tor agradecia que respondesse às minhas perguntas...
Alberto João Jardim: Não, e eu agradecia que me deixasse perante os portugueses hoje, já que eu andei censurado estes anos todos, que dissesse perante os portugueses a verdade sobre o que têm andado a ser enganados.
J.S.: Claro, dou-lhe condições para isso.
J.: Muito obrigado, e não esperava outra coisa de si senão isso.

(…)

J.S.: Porque é que o sô ‘tor não aceita que os Açores é uma região mais carenciada do que a Madeira e precisa de mais transferências financeiras…
A.J.J.: Espere, ainda não acabei de lhe explicar… Ó minha senhora eu acabei de dizer… Eu aposto consigo como vou dizer os números todos hoje, mesmo que não me deixe.
J.S.: Não vamos ter tempo para isso.
A.J.J.: Ah, não são muitos.

(…)

J.S.: O seu colega dos Açores diz uma coisa completamente diferente.
A.J.J.: A gente não vai falar de quem não está aqui.
J.S.: O seu colega dos Açores diz que, se tivesse os recursos que o doutor Alberto João Jardim tem tido, a Madeira hoje era mais rica do que é. Como é que o senhor responde a esta crítica do seu colega dos Açores?
A.J.J.: Olhe, o senhor Carlos do Vale César profissionalmente era funcionário do partido Socialista, de maneira que isso é uma conversa de funcionário do PS… Essa coisa de dizer que a minha tia se não tivesse morrido ainda era viva isso é uma tontice, eu não respondo a tontices.

(…)

J.S.: Ó sô ‘tor, mas diga-me o seguinte: esta é uma pergunta que muitos portugueses farão, sô ‘tor: como é que o sô ‘tor Alberto João explica…
A.J.J.: Mas eu não posso responder aos portugueses, porque a senhora interrompe-me.
J.S.: Mas eu estou a fazer perguntas, sô’ tor, uma entrevista pressupõe perguntas e respostas.
A.J.J.: Compreendo, está a ser muito profissional, eu sei que estou com uma profissional muito difícil, está-me a dar luta e parabéns.
J.S.: Como é que o sô ‘tor explica que ao longo dos anos…
A.J.J.: Eu não explico nada.

(...)

J.S.: O sô ‘tor não respondeu à minha pergunta…
A.J.J.: Nem vou responder, se calhar. Vou responder daqui a pouco.
J.S.: Mas é importante, sô ‘tor.

(…)

J.S.: Já que o sô ‘tor considera que esta lei é inconstitucional…
A.J.J.: É que eu tenho aqui muita coisa para lhe contar, que os portugueses andavam enganados…
J.S.: Vamos ver se vamos ter tempo para isso.
A.J.J.: Não é ‘vamos ter tempo’, os portugueses têm o direito de ser informados.

(…)

A.J.J.: Está a defender um governo que mente descaradamente.
J.S.: Não, não, estou a perguntar-lhe… Sô ‘tor, estou a perguntar-lhe. Doutor Alberto João Jardim, eu agradecia que respondesse às minhas perguntas.
A.J.J.: Eu não lhe respondo.

(…)

A.J.J.: Paralelamente, [o governo] perdoa a alguns regimes cleptocratas africanos as dívidas deste regime e a Madeira leva mais uma pancada.
(…)
J.S.: Está a falar da barragem de Cahora-Bassa?
A.J.J.: Estou a falar de tudo, porque os portugueses estão fartos de pagar os africanos.

(…)

A.J.J.: Agora devolvo-lhe a questão: estava a dizer que a Madeira cresceu, a Madeira Cresceu…
J.S.: Mas eu não sou a entrevistada, sô ‘tor.
A.J.J.: Não, não, mas agora entrevisto-a eu, que já tive o prazer de ser jornalista.

(…)

A.J.J.: Agora é que o secretário-geral do partido Socialista teve um resultado iraquiano lá dentro do partido Socialista. Mas... Tem piado, quando eu, na altura...
J.S.: Temos que acabar, sô ‘tor.
A.J.J.: Pois temos, porque eu estava a falar no secretário-geral do partido Socialista.
J.S.: Não, não, não é por isso, já ultrapassei em cinco minutos o nosso tempo.

(…)

J.S.: Obrigada por ter vindo esta noite à "Grande Entrevista"...
A.J.J.: Peço desculpa se falei muito impetuosamente, e...
J.S.: Mas é o seu estilo...
A.J.J.: E vou-lhe fazer um desafio, o desafio final: se sofrer consequências pelo facto de me ter convidado, dou-lhe asilo político na Madeira.
J.S.: (gargalhada). Muito obrigado, doutor Alberto João Jardim por ter estado aqui esta noite.