Diário de Notícias, 14.03.2007:
Mão a cobrir a cara, rodeado de seguranças, chegando 25 minutos antes da hora marcada, o procurador do Ministério Público (MP) João Guerra fez tudo para não ser registada a sua ida, ontem à tarde, à comissão parlamentar de inquérito sobre o "Envelope 9". Não bastava. Minutos depois, o deputado Vera Jardim, que preside àquela comissão, saía da sala para informar os repórteres fotográficos e os cameramen de que o procurador, alegando o seu direito à reserva de imagem, não autorizava que qualquer fotografia fosse publicada, que algum registo televisivo fosse transmitido.
Se à entrada ainda ali não estavam todos os jornalistas, a insólita situação concentraria naquele corredor da Assembleia da República cada vez mais profissionais da comunicação social.
No final do audição, o deputado socialista Vera Jardim, ladeado por Guilherme Silva (PSD) e por João Rebelo (CDS), chamava de novo jornalistas e operadores para repetir o que dissera antes, acrescentando que, entretanto, a própria comissão tinha deliberado, "por unanimidade", que "não deveriam ser tomadas imagens do senhor procurador".
Até porque, acrescentava Vera Jardim, "a reunião foi à porta fechada", João Guerra manifestara o desejo de não haver registo, "para salvaguarda da sua privacidade e até da sua própria segurança", e, "naturalmente, muito menos prestará qualquer declaração".
E quando o magistrado, óculos graduados e gravata às riscas, abandonava a sala, um repórter não resistiu, disparando a objectiva - e levaria logo uma pancada no flash com a mão do procurador do MP.
Mas, afinal, como foi a audição, pedida pelo BE sob a alegação de que a versão de João Guerra contrariava a do ex-procurador-geral da República, Souto Moura? "Muito útil", sintetizavam os parlamentares.
A questão era tentar perceber se as cinco disquetes com a facturação detalhada da PT foram entregues à Secção de Tratamento e Análise de Informação da PJ, como parecia deduzir-se de declarações de João Guerra constantes do texto do inquérito da própria Procuradoria, ou nunca foram sequer abertas, como sustentara Souto Moura.
"Ficámos todos esclarecidos", declarava o social-democrata Guilherme Silva". "Foi apresentada uma tese explicativa", adiantava o bloquista Fernando Rosas. Mais nada. Afinal, os deputados também tinham decidido não fazer comentários aos jornalistas.
Fernando Madaíl
Mão a cobrir a cara, rodeado de seguranças, chegando 25 minutos antes da hora marcada, o procurador do Ministério Público (MP) João Guerra fez tudo para não ser registada a sua ida, ontem à tarde, à comissão parlamentar de inquérito sobre o "Envelope 9". Não bastava. Minutos depois, o deputado Vera Jardim, que preside àquela comissão, saía da sala para informar os repórteres fotográficos e os cameramen de que o procurador, alegando o seu direito à reserva de imagem, não autorizava que qualquer fotografia fosse publicada, que algum registo televisivo fosse transmitido.
Se à entrada ainda ali não estavam todos os jornalistas, a insólita situação concentraria naquele corredor da Assembleia da República cada vez mais profissionais da comunicação social.
No final do audição, o deputado socialista Vera Jardim, ladeado por Guilherme Silva (PSD) e por João Rebelo (CDS), chamava de novo jornalistas e operadores para repetir o que dissera antes, acrescentando que, entretanto, a própria comissão tinha deliberado, "por unanimidade", que "não deveriam ser tomadas imagens do senhor procurador".
Até porque, acrescentava Vera Jardim, "a reunião foi à porta fechada", João Guerra manifestara o desejo de não haver registo, "para salvaguarda da sua privacidade e até da sua própria segurança", e, "naturalmente, muito menos prestará qualquer declaração".
E quando o magistrado, óculos graduados e gravata às riscas, abandonava a sala, um repórter não resistiu, disparando a objectiva - e levaria logo uma pancada no flash com a mão do procurador do MP.
Mas, afinal, como foi a audição, pedida pelo BE sob a alegação de que a versão de João Guerra contrariava a do ex-procurador-geral da República, Souto Moura? "Muito útil", sintetizavam os parlamentares.
A questão era tentar perceber se as cinco disquetes com a facturação detalhada da PT foram entregues à Secção de Tratamento e Análise de Informação da PJ, como parecia deduzir-se de declarações de João Guerra constantes do texto do inquérito da própria Procuradoria, ou nunca foram sequer abertas, como sustentara Souto Moura.
"Ficámos todos esclarecidos", declarava o social-democrata Guilherme Silva". "Foi apresentada uma tese explicativa", adiantava o bloquista Fernando Rosas. Mais nada. Afinal, os deputados também tinham decidido não fazer comentários aos jornalistas.
Fernando Madaíl