Teresa Ricou foi entrevistada por Tomás Cabral para o número 7 da revista Cenas, agora publicado. A revista é propriedade do Centro de Actividades Pedagógicas Alda Guerreiro,
Não me parece que seja alguém que passe muito tempo a olhar para trás…
… Não. Para trás mija a burra.
Absolutamente. Eu sou uma autodidacta, comecei na rua e fui construindo a minha figura. Claro que, com o meu espectáculo, fui entrando na Barraca, na Cornucópia ou na Comuna, mas sou fiel à rua. Por isso percebo de imediato estes jovens. Eles não me levam à certa. Sei para onde queremos ir e sei para o que os estou a convidar. Sei que tanto se faz uma grande pateada quando a coisa corre mal, como se aplaude quando corre bem. Sei isso melhor que ninguém, melhor que qualquer sociólogo.
… A nossa proposta é exactamente essa: integrá-los. O nosso ensino tem qualidade e é suficientemente aliciante para que eles se entreguem e invistam eles próprios na sua escola. Lembro aliás que esta é uma escola presencial, entre o ensino formal e o ensino informal. Mas ensino informal não quer dizer "freakalhada", é feito com muito rigor. Os jovens saem daqui sabendo para onde vão, a falar e a escrever correctamente, com um projecto de vida. Aqui, ensinamos os jovens a serem livres. Viver a liberdade é algo que tem que se aprender.
O que é hoje o circo?
Eu não sei o que é o circo. Eu venho do circo tradicional, ao qual me mantenho fiel. Porém, aprecio muito alguns espectáculos mais contemporâneos, mais…
… o chamado Novo Circo?
É um outro circo, que está a surgir. É aquilo que lhe quisermos chamar porque é um espectáculo quase tão aberto e tão vasto quanto a ópera, um espectáculo onde tudo é possível. Tem é que ser bem encenado, ter boa música, bons artistas e bons actores, já.