No "Público" de sábado:
O ambiente das pessoas em Clichy-sous-Bois é quase festivo. Mas o cenário é sombrio, sob a mancha cinzenta de prédios degradados, repletos de famílias numerosas, pobres, vindas de longe, há muito tempo, com filhos que não conhecem nenhum país de origem senão a França.
A morte dos dois adolescentes, Zyad Beena, de 17 anos, e Bouna Traoré, de 15 anos, electrocutados num transformador de alta tensão quando se escondiam da polícia, numa tarde do fim de Outubro de 2005, ainda pesa. Nessa noite, não houve qualquer explicação da polícia, do Governo, de qualquer instituição.
A mágoa tomou a forma de "revolta social" que incendiou primeiro Clichy-sous-Bois, no Leste de Paris, depois as cidades em volta e, por fim, se alastrou aos subúrbios de várias grandes cidades da França em Novembro de 2005.
(...)
Desde o Outono quente da "revolta social" de 2005, as coisas "estão muito mais calmas", ouve-se dizer em vários cantos da cidade. Mas nada ou quase nada melhorou. O candidato Nicolas Sarkozy não entra aqui.
"Ele é muito mal visto", diz Samir Mihi, um dos fundadores da ACLEFEU (Association, Collectif, Liberté, Égalité, Fraternité, Ensemble, Unis) criada logo a seguir aos acontecimentos, para que Zyad e Bouna "não tenham morrido para nada". Até hoje, as suas mortes não foram esclarecidas.
(...)
Quando chegar domingo, o dia da segunda volta, o voto dos jovens "não será a favor de Ségolène Royal mas contra Sarkozy", diz Samir Mihi. Na primeira volta, 82 por cento dos eleitores de Clichy-sous-
O ambiente das pessoas em Clichy-sous-Bois é quase festivo. Mas o cenário é sombrio, sob a mancha cinzenta de prédios degradados, repletos de famílias numerosas, pobres, vindas de longe, há muito tempo, com filhos que não conhecem nenhum país de origem senão a França.
A morte dos dois adolescentes, Zyad Beena, de 17 anos, e Bouna Traoré, de 15 anos, electrocutados num transformador de alta tensão quando se escondiam da polícia, numa tarde do fim de Outubro de 2005, ainda pesa. Nessa noite, não houve qualquer explicação da polícia, do Governo, de qualquer instituição.
A mágoa tomou a forma de "revolta social" que incendiou primeiro Clichy-sous-Bois, no Leste de Paris, depois as cidades em volta e, por fim, se alastrou aos subúrbios de várias grandes cidades da França em Novembro de 2005.
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Desde o Outono quente da "revolta social" de 2005, as coisas "estão muito mais calmas", ouve-se dizer em vários cantos da cidade. Mas nada ou quase nada melhorou. O candidato Nicolas Sarkozy não entra aqui.
"Ele é muito mal visto", diz Samir Mihi, um dos fundadores da ACLEFEU (Association, Collectif, Liberté, Égalité, Fraternité, Ensemble, Unis) criada logo a seguir aos acontecimentos, para que Zyad e Bouna "não tenham morrido para nada". Até hoje, as suas mortes não foram esclarecidas.
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Quando chegar domingo, o dia da segunda volta, o voto dos jovens "não será a favor de Ségolène Royal mas contra Sarkozy", diz Samir Mihi. Na primeira volta, 82 por cento dos eleitores de Clichy-sous-
-Bois votaram. Quase metade votou Ségolène. "Será sempre um voto de protesto", insiste. As políticas de integração falharam, tanto em governos de direita como de esquerda. Ana Dias Cordeiro, em Paris