"Dispersos", publicado este mês pela Assírio & Alvim, reúne 18 textos raros de Al Berto. É uma recolha não exaustiva, explicam em nota introdutória os organizadores, Luís Manuel Gaspar e Manuel de Freitas. O textos foram originalmente publicados em jornais, revistas literárias e catálogos de exposições, entre 1988 e 1997. Há dois em francês. É pena que ninguém se tenha dado ao trabalho de os traduzir para português. 100 páginas; 1500 exemplares.
Excerto de "O Trabalho do Pintor", publicado pela primeira vez no folheto de uma exposição de António Correia, no Centro Cultural Emmerico Nunes, de Sines , em Abril de 1988:
"Fecho com mais força as pálpebras. E da noite da memória crescem, então, estas criaturas. Mostram-me os misteriosos rostos ainda sulcados de sono. Esboçam sorrisos ao canto dos lábios. Erguem-se, movem-se depois, com leveza etérea. Vão pela noite. Enleiam os corpos na trepidação da música, nos intermitentes brilhos das pistas de dança. Embriagam-se. Alucinam. Desgastam hoje o que a noite de ontem deixou que lhes sobejasse do corpo. Vibram, entre desejos de outro corpo e as súbitas derrotas do nocturno amor. Entre esperas quase desérticas e a sedução de um gesto inesperado. São criaturas nem tristes nem alegres. Vivas, apenas vivas e deambulam." Al Berto
Excerto de "O Trabalho do Pintor", publicado pela primeira vez no folheto de uma exposição de António Correia, no Centro Cultural Emmerico Nunes, de Sines , em Abril de 1988:
"Fecho com mais força as pálpebras. E da noite da memória crescem, então, estas criaturas. Mostram-me os misteriosos rostos ainda sulcados de sono. Esboçam sorrisos ao canto dos lábios. Erguem-se, movem-se depois, com leveza etérea. Vão pela noite. Enleiam os corpos na trepidação da música, nos intermitentes brilhos das pistas de dança. Embriagam-se. Alucinam. Desgastam hoje o que a noite de ontem deixou que lhes sobejasse do corpo. Vibram, entre desejos de outro corpo e as súbitas derrotas do nocturno amor. Entre esperas quase desérticas e a sedução de um gesto inesperado. São criaturas nem tristes nem alegres. Vivas, apenas vivas e deambulam." Al Berto