sábado, 15 de março de 2008

De um panegirista espera-se muito mais

O professor Malaca Casteleiro escreve hoje no "Diário de Notícias" em favor do novo Acordo Ortográfico. A argumentação é contraditória e frágil. Muito frágil. Diz ele:
"Uma ortografia unificada [Portugal, Brasil, PALOP] torna-se absolutamente necessária às organizações internacionais onde o português é língua de trabalho, aos estabelecimentos de ensino estrangeiros onde se cultiva o nosso idioma, à difusão e promoção do livro em português nos domínios inter-lusófonos e internacional".
A ser assim, o novo Acordo Ortográfico serve tudo menos os falantes da língua. Serve interesses corporativos, ideológicos e comerciais, segundo Malaca Casteleiro. É pouco. É escandalosamente pouco.
O conceituado linguista admite que o Acordo de 1945, em que Portugal quis impôr ao Brasil a introdução de consoantes mudas ("óptimo", "actual", etc.) falhou porque "constituía uma violência, que o Brasil não aceitou". Mas agora já acha bem que uma violência do mesmo género, mas em sentido contrário, seja aplicada aos portugueses. Um pouco mais de coerência não seria nada mau.
O que Malaca Casteleiro não explica, porque não pode ou não sabe, é que é a coisa importante: os povos de língua portuguesa, que falam e escrevem a língua todos os dias, ganham alguma coisa com a homogeneização que agora se quer impor?