Se não tivesse património, provavelmente escolheria outra vida. Se tivesse filhos para educar, uma casa para manter, tinha que mudar de trem de vida.
É solteiro. Gostava de ter filhos? Gostava.
Faz parte dos seus projectos de vida?
Tenho tantas urgências. mas está nos nos meus horizontes. Não faz sentido passar por este mundo e não acompanhar e fazer o que estiver ao nosso alcance por uma criança.
Quando os tiver vai ser tão conservador e intransigente como parece?
Dar-lhes-ei a melhor educação que estiver ao meu alcance e serei muito exigente. Mas teria que os compreender sempre.
É por uma questão de descendência ou de perpetuação do nome que deseja ter filhos?
É por uma construção de felicidade. O que é uma questão pessoal e não política. Acho que ser pai me fará feliz.
Como é que reagiu às palavras de Francisco Louçã, na altura do referendo à interrupção da gravidez, quando disse que não tinha autoridade na matéria porque não sabia o que era dar vida?
Ficou à vista a tentação totalitária que paira naquela cabeça. Uma cabeça inteligente mas com uma tendência totalitária.
Como reage aos boatos que correm sobre si?
Não ligo nem quero saber. Tenho uma amiga que diz que se alguém não gosta de nós é esse alguém que fica a perder. Aprendi com o padre João Seabra na universidade que a velocidade do rumor é infinitamente superior à da verdade. Já sou catedrático nisso.
[Paulo Portas no "Expresso", hoje; entrevista de Cândida Santos Silva, fotografia de José Ventura]