Algures no início da década, os blogues foram a maior descoberta da Humanidade (a maior descoberta do espaço público burguês, como diria o senhor Habermas). Toda a gente tinha um blogue. Ter blogue era chique. Foi por causa disso que este apareceu.
Opinar sobre todas as coisas em tempo real, num blogue, era o máximo a que a comunicação tinha conseguido chegar. Havia, até, quem criticasse a rapidez com que os "bloggers" formavam opinião, sem tempo para reflexão, mal sabendo o que o Twitter e o Facebook, ainda inexistentes, se preparavam para fazer à reflexão.
Opinar sobre todas as coisas em tempo real, num blogue, era o máximo a que a comunicação tinha conseguido chegar. Havia, até, quem criticasse a rapidez com que os "bloggers" formavam opinião, sem tempo para reflexão, mal sabendo o que o Twitter e o Facebook, ainda inexistentes, se preparavam para fazer à reflexão.
Em Portugal, aí por 2004, 2005, 2006, muitos "bloggers" saltaram da rede para os jornais e revistas. A qualidade da escrita, reconhecida pelos "media" tradicionais, transformava os astros do monitor em astros do papel-jornal. Ainda hoje isso acontece.
É por isso que não sei o que pensar quando hoje leio os americanos que tentam adivinhar o futuro do jornalismo (e houve uma mudança: antes da crise mundial diziam que a net era o futuro e que o jornal impresso tinha os dias contados; agora não só aceitam a coexistência de ambos como até já dizem que "o jornal em papel é o novo vinil").
Se o futuro é a rede, porque é que quem nasceu na rede, e com a rede, precisou, e precisa, pelo menos em Portugal, da ratificação dos "media" tradicionais? Se a net está assim tão bem cotada e é culturalmente valorizada, porque é que os "bloggers" e outros publicistas querem tanto um poleiro nos jornais?
(foto: http://blog.mindblizzard.com)