foto: www.genuinejobs.com |
O principal problema de um jornalista freelance não é o acesso às fontes ou a escolha de temas. O problema chama-se editor (ou editora): como chegar lá e chamar a atenção para a nossa proposta. Eis algumas regras e sugestões.
Primeira regra: jamais se faz um artigo antes de ter comprador (a não ser que se tenha acesso exclusivo a uma pessoa ou acontecimento). É altíssima a probabilidade de um artigo feito às escuras não ser comprado por ninguém. E dificilmente as fontes falam connosco sem saberem “onde vai sair”. Ninguém dá entrevistas ao jornalista João ou à jornalista Maria, mas todos falam com o João e a Maria que trabalham para o jornal x ou a revista y.
Segunda: os editores não são os nossos melhores amigos. Lêem os mails à pressa, porque não sabem nem querem saber das nossas propostas, ou então dizem que não tiveram tempo para pensar na nossa ideia por serem muito solicitados por agências de comunicação – e assim se chega à terceira regra: entre um jornalista freelance e um assessor de imprensa a diferença, aos olhos de alguns editores, é nula; são ambos considerados intrusos, é preciso nunca esquecer isto.
Quarta: o mail e o telefone são os nossos melhores amigos. O mail permite insistir vezes sem conta e não custa dinheiro; sobretudo, insistir pela calada, silenciosamente, incomodando sem incomodar. O telefone serve para a estocada final: quem não responde aos mails, tem de receber um telefonema gentil em que se diga “estou aqui”.
Quinta: o jornalista freelance deve ser o que as redacções não são: mais ágil e astuto que os jornalistas perdidos na abundância de dados e solicitações. As redacções escrevem as notícias do dia, vão à guerra, entrevistam o ministro, fazem o obituário. O freelance mistura as tintas e faz uma pintura nova. Eles são realistas, nós somos impressionistas.
Sexta: jamais há dinheiro certo ao fim do mês porque ninguém, nem o jornal mais sério, paga a tempo e horas.
Bruno Horta
Agosto de 2011