domingo, 4 de março de 2012

As paisagens de David Hockney


David Hockney: A Bigger Picture, obra colectiva dada à estampa pela editora britânica Thames & Hudson, é em rigor o catálogo da exposição homónima que está na Royal Academy of Arts de Londres desde 21 de Janeiro até 9 de Abril de 2012. Em Maio vai para o Guggenheim de Bilbau e em Outubro, para o Museu Ludwig de Colónia.

Não posso ir ver as exposições, mas posso ver, e já vi, o catálogo.

Tim Barringer, Edith Devaney, Margaret Drabble, Martin Gayford, Marco Livingstone e Xavier F. Salomon são os autores destas 304 páginas. Ideia-chave: para lá dos cenários apolíneos da Califórnia que o tornaram famoso, David Hockney (n. 1937) também pinta e desenha um certo bucolismo inglês.


Entre as décadas de 60 e 90, Hockney viveu em Los Angeles. Na viragem do século, regressou ao condado de Yorkshire, em Inglaterra, onde nasceu (em Bradford, mais precisamente). Instalou-se em Bridlington, onde vivia a sua mãe, que morreu em 1999, e aí tem passado a maior parte do tempo.

Os novos trabalhos que esta exposição exibe, alguns nunca antes vistos, alguns feitos através de um telemóvel iPhone, dão conta da nova fase da vida do artista.

Não que as paisagens sejam uma novidade nele: desde os anos 60 que as faz. Novo é o local retratado e os métodos de trabalho.


"Há uma longa tradição na arte britânica relacionada com lugares, paisagens e topografia", escreve Margaret Drabble. E acrescenta: "Hockney regressou ao mesmo mundo rural que conheceu em criança. [...] Ele vem de um linhagem de trabalhadores do campo e reclama para si mesmo uma familiaridade com a terra que é de antes da Revolução Industrial" (p.38).


A primeira parte do livro apresenta ensaios que enquadram a obra de Hockney e fazem comparações com a de outros pintores, como Turner. 

A segunda parte é apenas visual e reproduz os trabalhos da exposição, aguarelas na maior parte. No fim, uma cronologia biográfica e artística muito bem organizada.