Henrique Neto, em entrevista ao jornal i
(http://www.ionline.pt/portugal/henrique-neto-maconaria-corrompe-ps-democracia-aliancas-secretas [consultado em 25 de Junho de 2012])
«A maçonaria tem uma grande importância no PS. A maçonaria tem essa
diferença em relação ao país – a maçonaria tem e sempre teve uma
estratégia, uma estratégia de poder. Não o poder como instituição, mas o
poder para os membros da maçonaria. Hoje o poder é poder económico. E
como o secretismo é uma vantagem, é fácil aos maçons controlarem
deliberações, grupos de decisão. Tenho experiência de quando estava no
parlamento. Numa comissão de inquérito, se quatro ou cinco das 20
pessoas são da maçonaria, os outros votam de acordo com a sua visão e
eles decidem todos juntos a nomeação de alguém, numa instituição, num
concurso público, e a maçonaria tem vantagem.
[...] Agora nesta polémica recente com as secretas, verificou-se que três dos
cinco líderes parlamentares são da maçonaria. Quando foram escolhidos,
não foi a maçonaria que enviou uma carta a mandar que fosse escolhido
aquele senhor, mas foram as pessoas da maçonaria que estavam no grupo
parlamentar que foram empurrando os seus correligionários.
[...] Uma pessoa como o
António Mexia, ou o Jorge Coelho, ou o Relvas – têm todos ligações à
maçonaria. Sabemos que há grupos de interesses. A Ongoing estava a
organizar o seu grupo de interesses, de certo modo estava a copiar o
grupo BES, que tem isso já mais organizado na parte mais privada da
economia, tem uma organização muito eficiente. Manuel Pinho é um homem
do BES, o Durão Barroso era um homem próximo do BES, que lhe pagou os
estudos nos EUA. Ao Manuel Pinho não pagaram os estudos, mas pagou a
EDP, que o Manuel Pinho tinha apoiado e onde o BES tem bastante poder,
como na PT – o presidente da PT é um protegido do grupo BES há 30 ou 40
anos. É louvável proteger e dar educação a uma família pobre, mas tudo
isto cria uma malha que depois desvirtua o método democrático. Miguel
Frasquilho, vice-presidente da área de Economia do grupo parlamentar do
PSD, é um homem do BES. Sócrates foi muito apoiado pelo BES, disseram
bem do governo, Ricardo Salgado nunca negou elogios a Sócrates. Mais –
os banqueiros, no seu conjunto, BCP, BPI, Santander, não foram mais cedo
apontar a faca ao peito de Sócrates para ele pedir ajuda porque Ricardo
Salgado lhes pediu, na sede da associação dos bancos, que não o
fizessem. A Ongoing saiu do nada e sabia que tinha de criar a sua rede
de influências. Eles ajudavam Sócrates com a TVI e o governo ajudava-os
nos créditos do BES e da CGD. A nenhum português um banco emprestaria
500 milhões de euros como emprestaram à Ongoing.»