Era
apenas uma transformista da noite de Lisboa até ter sido descoberta por João
Pedro Rodrigues. É transexual. Tem 47 anos.
Dez
da noite no Terreiro do Paço. O barco do Barreiro atraca e lá do fundo vem
Cindy esguia, mini-saia e blusão de cabedal, phones nos ouvidos e carteira a
tiracolo. “Olá, amor”, diz, muito loura, e logo se afasta para a casa de banho,
talvez para retocar a maquilhagem. Daí a nada está a posar para a câmara
fotográfica sem se queixar do frio que vem do Tejo. A seguir, um táxi, até à
porta de um café no Chiado.
[excerto de texto publicado no Público de 18 de Outubro de 2012, p. 27]