Há pelo menos dois tipos de convidados. Os oradores da conferência, alojados
nos melhores hotéis de Estrasburgo. E os outros, nos hotéis mais modestos da
cidade. Tudo pago.
Os oradores vêm de organizações não-governamentais, grupos de pressão, "consultoras", organismos públicos. Almoçam sentados no restaurante de melhor qualidade dentro da sede do Conselho da Europa. Os outros almoçam de pé, sandes embaladas fornecidas pela organização (daquelas em triângulo que se vendem em bombas de gasolina). "Sandwich lunch", lê-se no programa.
Os oradores vêm de organizações não-governamentais, grupos de pressão, "consultoras", organismos públicos. Almoçam sentados no restaurante de melhor qualidade dentro da sede do Conselho da Europa. Os outros almoçam de pé, sandes embaladas fornecidas pela organização (daquelas em triângulo que se vendem em bombas de gasolina). "Sandwich lunch", lê-se no programa.
Três dias no Fórum Mundial da Democracia, organizado em Estrasburgo pelo Conselho da Europa, mostram-me o discurso e a prática da diversidade e da entreajuda entre países europeus.
O objectivo era o de discutir de que maneira a Internet e a parafernália tecnológica
pode aproximar os cidadãos das chamadas “instituições” chamadas “democráticas”.
Faz de conta que a Internet é livre, não está sob vigilância, não é controlada
por empresas de patrões anónimos. Faz de conta que as “entidades reguladoras” e
os governos funcionam.
Os oradores trazem de casa um PowerPoint e discursam solenemente. Um coiso com microfone e auscultadores tem vários canais por onde chega a voz dos intérpretes, que vão traduzindo à pressa o que cada um diz. Os franceses só falam francês, claro. Os ingleses, inglês. Pode haver tradutores de turco, grego, espanhol, francês, inglês, russo, holandês. Não há tradutores de português.
Palmas e votos para projectos que nunca saem do papel, 250 a favor, 60 contra, metade dos votantes olhar para o Twitter. Depois mais debates e um relatório, sess+ao plenária, seis da tarde.
Os oradores trazem de casa um PowerPoint e discursam solenemente. Um coiso com microfone e auscultadores tem vários canais por onde chega a voz dos intérpretes, que vão traduzindo à pressa o que cada um diz. Os franceses só falam francês, claro. Os ingleses, inglês. Pode haver tradutores de turco, grego, espanhol, francês, inglês, russo, holandês. Não há tradutores de português.
Palmas e votos para projectos que nunca saem do papel, 250 a favor, 60 contra, metade dos votantes olhar para o Twitter. Depois mais debates e um relatório, sess+ao plenária, seis da tarde.
A Europa do diálogo na cidade dos guetos. A Sul
de Estrasburgo a zona dos pretos e árabes. A Norte, judeus. Brancos ao
centro. O edifício do Conselho da Europa chama-se Palácio da Europa. Não é Casa da
Europa, edifício qualquer coisa. É o Palácio da Europa. É a construção europeia.