segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

“Os meus filmes não são pornográficos”




Na semana passada, quando falou com a Time Out Lisboa, Travis Mathews não sabia que Interior. Leather Bar tinha estreia agendada no circuito comercial para esta quinta-feira, 3. “Tenho tido pouco contacto com a distribuidora em Portugal e não me disseram nada”, lamentou. A entrevista acontece durante o Queer Lisboa, no cinema São Jorge. O festival de cinema gay e lésbico exibiu aquele documentário de ficção (realizado em conjunto com o actor James Franco) e a curta In Their Room London (terceira parte de uma série de filmes conceptuais sobre a intimidade de homens gay). Nascido há 38 anos no estado do Ohio, Travis Mathews mora em São Francisco e é um autodidacta do cinema. Estudou psicologia e chegou a exercer, mas depois dos 30 anos cedeu à antiga paixão pela sétima arte.

Interior. Leather Bar faz parte de um conjunto de filmes recentes que adoptam a linguagem da pornografia. Concorda?
Chamo-lhe um documentário de ficção, mas a natureza do filme é muito escorregadia. Até agora, só tinha feito filmes gay, mas Interior. Leather Bar é um filme queer. Está entre a ficção e o documentário, entre o filme independente e o pornográfico. O conteúdo é sobre a desconstrução de fronteiras, sobre o que é ou não permitido. E além disso, o actor principal, Val Lauren, é mesmo heterossexual e aproxima-se de um mundo gay que é desestruturante, para ele e para muitas pessoas que entram no filme.

É possível saber onde começa e acaba a ficção neste filme? 
Não se sabe. Mas também não tenho problemas em falar sobre isso. Já me perguntaram sobre as conversas telefónicas que aparecem e eu assumo que são ficção. Filmámos com quatro ou cinco câmaras e toda a gente sabia que estariam sempre ligadas mesmo depois de eu dizer “corta”.



[excerto da entrevista publicada na Time Out Lisboa de 2 de Outubro de 2013, pp. 64-65]