A newsletter de Setembro do Observatório da Comunicação (Obercom) destaca um livro escrito por Gustavo Cardoso, o mais alto responsável da instituição.
O livro em causa, "Os Media na Sociedade em Rede", publicado pela Fundação Calouste Gulbenkian, aparece, em termos gráficos, primeiro que outros dois títulos sugeridos e tem direito a um texto, onde são citadas opiniões laudatórias. Na newsletter de Junho, a primeira publicada sob a presidência de Gustavo Cardoso, também consta um livro de que é co-autor (com Manuel Castells): "A Sociedade em Rede. Do Conhecimento à Acção Política".
É legítimo usar os meios do Obercom para promover os próprios escritos?
O Obercom é "uma associação de direito privado, sem fins lucrativos", lê-se na página oficial. Mas inclui entre os seus fundadores vários organismos públicos, como o Instituto da Comunicação Social, o Instituto do Consumidor, a RTP, o Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas e a Autoridade Nacional das Comunicações (ICP-ANACOM).
Contactado [por e-mail], Gustavo Cardoso desvaloriza a publicidade dada pelas newsletters do Obercom ao seus livros, dizendo que isso está dentro da "perfeita normalidade". Os critérios do Obercom, são os seguintes, segundo ele: "Escolhemos livros que tenham a ver com os media, recentemente publicados, quem nos enviar livros nós publicamos na Newsletter [sic]".
Gustavo Cardoso, 37 anos, mestre em Sociologia, é presidente do conselho directivo do Obercom desde meados deste ano e professor no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), onde ensina, entre outras coisas, a disciplina de Ética, Profissão e Sociedade. Acumula, ainda, as funções de vice-presidente da agência de notícias Lusa. Ao tempo de Jorge Sampaio na presidência da República, foi conselheiro para a área das novas tecnologias.
BH