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Há um testemunho de Mário Soares, que não se diz se é inédito. Excerto:
"A polémica que se levantou a propósito do seu último livro ["Beim Hauten der Zwiebel"], onde introduziu a revelação (tardia) de que pertenceu, no final da guerra, a uma unidade das tristemente célebres SS, tem sido, a meu ver, muito exagerada. É óbvio que o picante da "confissão" resulta de ter sido ocultada durante muitas décadas, durante as quais Günter Grass se tornou numa espécie de "consciência moral e crítica" da Alemanha do pós-guerra e, depois da queda do muro de Berlim, crítico virulento da reunificação alemã.
Não creio, contudo, que haja tanta razão para censurar Günter Grass. É preciso perceber o tempo de tragédia em que viveu, adolescente, nos últimos meses que precederam o colapso de Hitler. Günter Grass tinha 17 anos e foi incorporado nas SS, em pleno caos militar e político. Terá ele tido então consciência efectiva do que eram - e tinham sido - as SS? Não creio. Liberto do pesadelo, não terá funcionado o mecanismo psicológico natural do esquecimento e da rejeição em relação ao horror das últimas semanas da guerra?" Mário Soares