sábado, 16 de junho de 2007

O presidente optimista

À pergunta "como é que se vende cultura", responde assim o presidente da Fnac, Denis Olivennes, em entrevista ao "Expresso, hoje:

"Não vendemos só os «best-sellers» da literatura, da música ou dos filmes. (...) [Contratámos] uma equipa de vendedores muito bem formados (...), tratando cada cliente de forma exclusiva."

Descontando a componente de propaganda, que, como empresário, lhe cabe fazer, as palavras de Olivennes pecam por total desfasamento da realidade. Quem por estes dias entrar numa Fnac em Portugal encontra prateleiras cheias dos mais berrantes best sellers. Coisas como "Thirsty Evil", de Gore Vidal, "Capote, a Biography", de Gerald Clarke, ou "Young Man From The Provinces", de Alan Helms, não existem. Nem em inglês, nem traduzidas (calhou precisar de os ler e não encontrei).

Quanto ao alegado "tratamento exclusivo" dado aos clientes (coisa que ele acha que os clientes querem), Olivennes não se deve referir, por certo, ao tempo interminável que estes têm de esperar para serem atendidos pelos desgraçados dos empregados. Tempo interminável, esse, que só fica atrás do tempo que os serviços de Relações Públicas da Fnac demoram a responder a mails de jornalistas.

Olivennes é, comprovadamente, um optimista.