quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Ela pode, ele não

O português (e o espanhol, se pensarmos no já célebre psiquiatra forense que foi ao "Prós e Contras") não pode achar estranho que aquela mãe não mostre sentimentos em público. Se a mãe, a quem, para efeitos oficiais, raptaram a filha, não chora, não se irrita, não se comove, não faz as coisas que a gente supõe que as mães a quem roubam filhos fazem, é porque é inglesa e tem outra forma, que o português não tem, de lidar com as emoções. É mais fria, mais contida, diz-se. Querer que ela, que usou a televisão para fazer propaganda com uma mestria inatacável, mostre emoções em público é aplicar-lhe leis de reality show. É a ditadura da vida real sobre a mulher.
Agora, que o homem que investiga o desaparecimento da filha dela beba o seu jarro de vinho ao almoço, e tenha para isso uma ou duas horas, já mexe tanto com os contidos princípios partilhados pela desditosa mãe que se torna inaceitável. Este post não poderia ser mais certeiro. Ele (o investigador) não terá aguentado a pressão mediática. Já ela (a mãe) aguenta-se e bem, sabe deus a que expensas.