"Aguardou-se com ansiedade o dia 5 de Setembro, em que se cumpriam cem anos sobre o nascimento de TsioIkowsky, mas nada aconteceu. Reuniu-se então o VIll Congresso Internacional de Astronáutica, em Barcelona. No dia 2 de Outubro, os delegados russos afirmaram aos jornalistas que 'seria de mau gosto dar notícias antes de tempo. É nosso costume não fornecer detalhes antes de obtermos resultados experimentais'. No dia 4 de Outubro de 1957 o primeiro satélite artificial começava a girar em torno da Terra. O seu peso era nove vezes maior que o do tão falado Vanguard. Antes que passasse um mês — em 3 de Novembro de 1957 — o segundo Sputnik, com uma carga útil de mais de meia tonelada, incluindo um animal — a cadela Laika — entrava em órbita. Os Estados Unidos apressaram a construção dos veículos Vanguard, mas a precipitação com que foram realizados os lançamentos, e a extrema delicadeza dos engenhos, conduziram a uma série de insucessos por demais conhecida, e que abrigou à chamada de Von Braun e ao reaparecimento do velho «Projecto Orbiter». No dia 1 de Fevereiro de 1958, o primeiro satélite artificial norte-americano — o Explorer 1 — começava finalmente a girar no espaço.
(...) Nos primeiros três anos da Era do Espaço, o Homem aprendeu mais acerca do Universo que durante os três séculos anteriores, a partir da descoberta do telescópio. Sabemos hoje que a atmosfera terrestre se prolonga para além do próprio Céu, até às cinturas de Van Allen, até à Atmosfera solar, até aos confins da Galáxia. Até ao Infinito! Sabemos que a Terra, longe de ser o centro do Mundo, é como um navio perdido num oceano imenso. Se a consciência desse facto for suficiente para aproximar os Homens uns dos outros, como marinheiros a bordo da mesma embarcação, como navegantes em busca de novos mundos para o Mundo, então, e só por isso, estarão justificados os sacrifícios daqueles que fizeram do sonho da Astronáutica a realidade dos nossos dias e a esperança dos dias futuros."
Eurico da Fonseca (1921-2000)
"História Breve da Astronáutica", ed. Verbo, 1960
(...) Nos primeiros três anos da Era do Espaço, o Homem aprendeu mais acerca do Universo que durante os três séculos anteriores, a partir da descoberta do telescópio. Sabemos hoje que a atmosfera terrestre se prolonga para além do próprio Céu, até às cinturas de Van Allen, até à Atmosfera solar, até aos confins da Galáxia. Até ao Infinito! Sabemos que a Terra, longe de ser o centro do Mundo, é como um navio perdido num oceano imenso. Se a consciência desse facto for suficiente para aproximar os Homens uns dos outros, como marinheiros a bordo da mesma embarcação, como navegantes em busca de novos mundos para o Mundo, então, e só por isso, estarão justificados os sacrifícios daqueles que fizeram do sonho da Astronáutica a realidade dos nossos dias e a esperança dos dias futuros."
Eurico da Fonseca (1921-2000)
"História Breve da Astronáutica", ed. Verbo, 1960