domingo, 30 de dezembro de 2007

Estes chefes não são verdadeiros democratas

Portugal anda cheio de chefes narcísicos. Querem dominar tudo e todos e não mostram qualquer empatia pelos problemas dos que os rodeiam. A principal característica destas pessoas é um sentimento grandioso da sua importância.
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Rodeiam-se de gente submissa que, para os ser­vir, decretou para si mesma o silêncio e o elogio fácil ao chefe: podem ser sobrecarregados com trabalho e críticas ferozes que jamais abrirão a boca contra quem manda.
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Na sua ânsia de poder, não é raro serem capazes de usurpar recursos extra e privilégios especiais, que acreditam ser inteiramente justos e só ao alcance de quem é verdadeiramente glorioso.
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Estes chefes não são verdadeiros democratas: falta-Ihes o sentido do reconhecimento do outro, a partilha e a capacidade de amar que caracteriza os verdadeiros líderes: podem mandar, mas não serão amados, apenas tolerados, mais tarde ou mais cedo cairão do pedes­tal que construíram para si próprios.

Excerto de "Os Narcísicos", crónica de Daniel Sampaio; revista "Pública", 23.12.2007