quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

"Se fosse explicar que era mentira, ia estar a validar"

Excerto da entrevista com Diogo Infante, feita por Catarina Homem Marques, publicada no "Sol" (revista "Tabu") de 22 de Dezembro:

Como se sentiu com o boato da relação com Sócrates?
Senti-me mesmo violentado. Ainda por cima senti uma profunda impotência, apanhado numa trama. Tinha consciência que era a personagem secundária, mas a questão é que me senti envolvido numa coisa que me era alheia, que me transcendia e perante a qual não podia fazer nada.

É difícil lutar contra isso?
Nem tentei lutar. Quando o boato começou até me ri, achei graça. Não era a primeira vez que ouvia um boato sobre mim. Achei que era apenas mais um disparate. Depois, quando aquilo ganhou a dimensão que ganhou, quando se tornou um assunto nacional, quando as pessoas na rua começaram a ser desagradáveis, senti uma profunda angústia. E raiva, mesmo. Comecei a ficar um bocado violento e prestes a explodir, sem saber bem contra quem. Porque o problema de um boato é que nunca sabemos onde está a fonte. Ao mesmo tempo, percebi que não queria entrar em diálogo.

Porquê?
A imprensa toda me fazia perguntas. Pensei que se fosse dizer que não, se fosse explicar que era mentira, ia estar a validar. Eu não queria entrar no jogo. Hoje falo no assunto porque creio que ele já morreu. As pessoas acabaram por perceber que aquilo era claramente uma estratégia para denegrir aquele que veio a ser o nosso primeiro-ministro. Era uma jogada política.

Nem sequer eram amigos?
Eu nunca o conheci nem conheço. Depois percebi que, na altura, a namorada dele morava perto da minha casa, na minha rua. Pode ter surgido daí. Mas parece-me que há sempre aqui uma intenção maldosa. No limite, estes boatos só subsistem por existir um preconceito de base.

(…)
O alvo ser José Sócrates tem um objectivo evidente. Mas nunca se questionou qual o porquê de o outro alvo ser o Diogo Infante?
Porque tenho conseguido ser suficientemente discreto sobre a minha vida pessoal para ela, por um lado, ser misteriosa e, por outro, ser apetecível. Se a minha vida pessoal fosse pública era facilmente contestável. Assim, eu tinha a matéria certa para servir a especulação.