quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Fumar é uma liberdade

Fui encontrar no meio de revistas velhas, uma "Grande Reportagem" de há três anos. Praticamente três anos. Foi publicada a 15 de Janeiro de 2005. Entretanto, a revista, que era publicada ao sábado com o "Diário de Notícias" e "Jornal de Notícias" morreu e deu lugar à "Notícias Sábado".
Naquela altura, ainda a tragédia José Sócrates não existia, embora a tragédia Santana Lopes, que estava a terminar, não fizesse adivinhar outra coisa.
O interessante neste número da "Grande Reportagem" (então dirigida por Joaquim Vieira, que esta semana se tornou Provedor do Leitor do "Público") talvez não seja o tema de capa. Além de uma reportagem de Felícia Cabrita sobre o embaixador Jorge Ritto, propósito do caso Casa Pia ("O Pequeno Embaixador", com o relato de um jovem de 24 anos que terá vivido com Ritto na embaixada de Portugal em Paris), o que chama a atenção é a crónica de Pedro Mexia sobre a proibição de fumar em bares e locais nocturnos. Agora que a proibição já não é hipótese, mas facto consumado (por enquanto), vale a pena recordar o que escreveu Mexia:

"Não fumar em bares e locais nocturnos? Que espécie de idiotice é essa? A polícia dos costumes mascarada, mais nada. Acho que as pessoa são livres de fumar ou não, se se estiverem a matar apenas a si mesmas com a nicotina e o vício. Não tenho nada contra o vício. Robespierre é que não tinha vícios. Eu não fumo, nem pretendo fumar, mas defendo convictamente os fumadores. Na sociedade puritana em que vivemos, nesse puritanismo pútrido que se disfarça de progressismo, fumar é, como na adolescência, uma afirmação. (...) Fumar ganha foros de afirmação individual. De reivindicação de uma liberdade. Bogart aprovaria. Eu também."