sexta-feira, 22 de agosto de 2008

As divas como nunca ninguém as viu

Na "Time Out Lisboa" de 20 de Agosto; excerto:

Marlene Dietrich (1901-1992) não foi homem nem mulher. Foi a rainha da ambiguidade. Actriz, no cinema e na vida, exigia aos amantes, e às amantes, paixão e submissão. Era patologicamente histérica e estava refém da excitação que provocava nos outros. “As mulheres histéricas são conhecidas por se deixarem atrair por homens impotentes ou violentos. Os primeiros porque são maleáveis, os segundos porque é preciso domá-los e porque, tal como elas, não procuram uma relação de amor, mas antes uma disputa de forças”.

É assim que a cantora e actriz de origem alemã aparece no livro Divas no Divã, da jornalista e escritora Catherine Siguret, originalmente publicado em França no ano passado e agora traduzido para português.

O livro faz o retrato biográfico de 11 mulheres célebres do século XX que encaixam na categoria de divas gays: temperamento forte e vida difícil, à mistura com excessos e fama – muito ao gosto de uma certa forma de estar de muitos homossexuais. São elas: Colette, Virginia Woolf, Marlene Dietrich, Josephine Baker, Simone de Beauvoir, Édith Piaf, Maria Callas, Jackie Kennedy, Dalida, Fraçoise Sagan e a princesa Diana.

Ao texto da autora seguem-se ensaios de psicanalistas, psiquiatras ou psicólogos. Através dos elementos publicamente conhecidos sobre aquelas divas, eles traçam-lhes o perfil psicológico, como se de pacientes se tratassem. Além de Marlene, enquanto figuras incontornáveis do imagináro gay, sobressaem nesta galeria Virginia Woolf, Piaf e Callas. As suas características psicológicas são reveladas com tanto pormenor que elas quase caem do pedestal, regressando ao que sempre foram: pessoas exactamente iguais às outras, excepto no talento artístico.

"Divas no Divã", de Catherine Siguret. Ed. Caleidoscópio. 265 páginas. 16 euros.

Artigo completo aqui