sábado, 11 de julho de 2009

Uma mulher

Para que conste, esta reportagem sobre o Arraial Pride 2009 (publicada na edição on-line da Time Out Lisboa a 7 de Julho e na edição impressa a 8 de Julho) tem um erro factual:

A chuvada que às três da manhã caía sobre Lisboa obrigou o Arraial Pride a meter a viola no saco. O DJ Rui Murka tentava resistir com Frankie Goes To Hollywood e a verdade é que o “Relax” até levou muita gente a despir a t-shirt e dançar à chuva. Mas não havia condições e a organização teve mesmo de decretar o fim da festa.

Nem mesmo este desfecho antecipado arruinou o Arraial Pride 2009, na noite de 27 para 28 de Junho, junto à Torre Belém. Pode dizer-se que não houve mácula na 13.ª edição da mais antiga festa LGBT portuguesa, organizada pela associação ILGA Portugal. Cada vez menos ‘guetizado’, o Arraial começa a prestar mais atenção à boa qualidade do cartaz. E, no entanto, não deixa de ser um momento tão ou mais político que a Marcha do Orgulho LGBT. Foi, por exemplo, criado um espaço de convívio para crianças, com o objectivo de tornar visível a homoparentalidade.

António Variações foi cantado por duas vezes (por Plastic Poney e pelos Les Baton Rouge). A travesti Ruth Bryden foi homenageada num espectáculo de Deborah Kristal e amigas. O auge chegou com a espanhola Terremoto de Alcorcón, um homem vestido de mulher que canta êxitos de Madonna ou Gloria Gaynor com letra apalhaçada. Gritava “maricones”, “vivan los coños”, dançava, parodiava, era a rainha da noite. Muitos casais ‘hetero’, bom ambiente, ar profissional.

E muitas mulheres. Só os discursos não se ausentaram, coisa que a ILGA anunciara. Paulo Côrte-Real e Sara Martinho, dirigentes da associação, foram ao palco dizer que é preciso lutar para que gays e lésbicas possam em breve fazer a pergunta: “Queres casar comigo?”.



La Terremoto de Alcorcón é uma mulher, de facto. Não um travesti. Há mais sobre ela na Wikipedia. A mesma reportagem foi reproduzida no blogue oficial do Arraial Pride, tendo os autores desse blogue decidido suprimir o erro factual, sem no entanto indicarem que o estavam a fazer.