sexta-feira, 21 de junho de 2013

Google, Facebook, Yahoo e Microsoft vendem dados pessoais dos utilizadores a agências de espionagem dos EUA

Tradução e adaptação de excertos da notícia "Web’s Reach Binds N.S.A. and Silicon Valley Leaders", publicada pelo jornal The New York Times a 19 de Junho de 2013. Original aqui
 
São cada vez mais profundas as ligações entre Silicon Valley e a National Security Agency (NSA). A NSA colige dados para efeitos de espionagem, as empresas de Silicon Valley fazem-no para ganhar dinheiro.

A divulgação pública do programa Prism, da NSA (no âmbito do qual alegadamente são reunidos e-mails e informações sobre a actividade na Internet de estrangeiros que utilizam serviços do Google, do Yahoo e do Facebook), levou as empresas a negarem que a NSA tenha acesso directo aos seus computadores. Assumem, no entanto, obedecer a ordens emitidas por um tribunal secreto da NSA para acesso a  dados específicos.

Peritos em tecnologia e antigos funcionários dos serviços de espionagem dizem ao New York Times que a convergência entre Silicon Valley e a NSA, assim como o papel cada vez mais importante da prospecção de dados ("data mining"), criaram uma realidade complexa.

Silicon Valley tem aquilo que a agência de espionagem quer: enormes quantidades de dados privados e software sofisticado para os analisar. Em contrapartida, a NSA é um dos maiores clientes de Silicon Valley numa área de negócio conhecida como análise de dados ("data analytics"), que se constitui como um dos mercados mais prósperos para estas empresas.

Para acederem ao software que permita o tratamento de enormes quantidades de dados, as agências de espionagem dos EUA investem em novas empresas de Silicon Valley, dão prémios no âmbito de contratos secretos e recrutam especialistas como Max Kell, ex-chefe de segurança do Facebook. 

As empresas de Silicon Valley alegam só cooperar com a NSA se forem obrigadas a isso por lei, mas antigos e actuais funcionários dizem ao New York Times que por vezes são as próprias empresas que criam equipas internas de peritos cujo objectivo é o de encontrar formas de cooperação com a NSA, tornando os dados dos seus utilizadores facilmente acessíveis para a agência. De acordo com as mesmas fontes, as empresas tomam a iniciativa para assim poderem controlar o processo. Mas também estão sujeitas a pressões subtis mas poderosas por parte da NSA.  

O Skype tem o seu próprio programa secreto, Project Chess, que permite às agências de espionagem acesso imediato às chamadas feitas através desta empresa, dizem fontes conhecedoras do programa que não querem ser identificadas para evitarem problemas.

O Projecto Chess começou há cerca de cinco anos, antes de o Skype ter sido vendido a investidores em 2009 e à Microsoft em 2011. 

Muitas empresas de software de análise de dados falam abertamente das suas ligações às agências de espionagem dos EUA. Gary King, co-fundador e responsável científico da Crimson Hexagon, uma empresa start-up de Boston, diz ao New York Times que manteve conversas com a CIA sobre as ferramentas de análise de dados em redes sociais. 

“As pessoas entregam voluntariamente ao Facebook dados que nunca estariam dispostas a dar ao governo", diz Bruce Schneier, especialista em tecnologia.